É muito comum as pessoas afirmarem que passam longos períodos sem se alimentar visando reduzir gordura corporal. Ao contrário do que se imagina, esse comportamento faz com que nosso organismo comprometa as proteínas corporais (massa magra), preservando a gordura corporal. Além disso, alguns crédulos da “terapia do jejum” usam esta manobra antecipando a atividade física, o que aumenta o risco à saúde.
O jejum é uma manobra alimentar que ocorre rotineiramente em nossa alimentação. Mesmo os mais atentos à ingestão alimentar são obrigados a realizar o jejum durante o período de sono. Esse período denominado de jejum “overnight” ou jejum noturno favorece a ingestão de alimentos, principalmente os ricos em carboidratos logo pela manhã. Isso ocorre, pois ao dormirmos, nossa demanda energética do sistema nervoso central é mantida com as reservas hepáticas. Essas, por sua vez, amanhecem bastante comprometidas. Imagine então o que ocorre quando ao acordarmos em vez de fazermos uma refeição com alimentos ricos em carboidratos, colocamos um calção, tênis e camiseta e saímos realizando um exercício intenso ou prolongado.
Nessa situação, em que as reservas estão comprometidas, ao contrairmos a musculatura, teremos como conseqüência a redução da glicose sangüínea a concentrações muito baixas. Tal manobra pode resultar em perda momentânea da consciência (desmaio), podendo gerar conseqüências graves.
O ponto mais interessante é que, na tentativa de impedir essa manobra, nosso corpo transforma as proteínas corporais em glicose. Assim, procurando emagrecer fazendo exercícios em jejum, estaremos na verdade perdendo massa magra, ou seja, estaremos, na prática, engordando.
Algumas dicas podem ajudar aqueles que têm no período da manhã sua melhor ou única oportunidade de exercício. Consuma alimentos como torradas, pão, barras de cereais, antes do exercício. Dessa forma, pequena parcela da glicose consumida na atividade estará sendo fornecida por essa refeição. E não se esqueça: o jejum não emagrece, engorda!
Apesar de as gorduras fornecerem mais energia que os carboidratos (açúcares), o organismo prefere buscar primeiro a energia no açúcar, porque a desintegração metabólica da gordura é mais demorada, sendo exclusivamente dependente da presença de oxigênio (já o açúcar também fornece energia sem oxigênio). Depois de aproximadamente 20 minutos de exercícios aeróbios, a gordura também passa a fornecer sua parcela energética para a realização dos exercícios. Por volta dos trinta minutos, a contribuição do carboidrato e da gordura na produção de energia é bem semelhante. Daí para frente, a gordura passa a ser progressivamente a maior fornecedora. Esses limites de tempo são particularmente importantes quando se faz atividade aeróbia como coadjuvante no processo de emagrecimento, que, portanto, exige sempre mais de meia hora de exercícios em cada sessão.
Texto enviado por FELIPE AMORIM